
Nesta semana, grande parte das escolas da Cidade dos Príncipes está reiniciando suas atividades. E na próxima, o ciclo se completa com praticamente todos os alunos joinvilenses. Deu para perceber, no período da manhã e na hora do almoço, que as ruas estavam vazias, ou seja, sem os uniformes escolares, mochilas, grupos caminhando, bicicletas, vans escolares circulando, ônibus, etc. Fiquei me perguntando: o que será que esta gurizada fez durante a ausência dos bancos escolares? Será que se divertiu? Será que aproveitou?Comecei então a recordar as minhas férias. Eu brincava de revólver (de bandido e mocinho), subia em árvores, escalava morros com cordas, não jogava futebol (porque, confesso, sempre fui meio perna-de-pau), mas fazia ginástica olímpica. Em outras palavras, praticava alguma atividade física e estava sempre em movimento. Também jogava botão, trocava figurinhas e descia ladeiras em carrinhos de rolimã.Hoje em dias, as coisas mudaram muito. Não se veem mais crianças brincando nas ruas; não só pelo tempo chuvoso, porque, quando não chove, também não os vemos. Fiquei curioso para saber o que meus amigos, familiares e alunos faziam nas férias. Alguns disseram que não se lembravam. As respostas foram as mais variadas: rodavam bambolê, jogavam basquete, futebol, empinavam pipa, andavam de bicicleta. Os que cresceram no campo andavam a cavalo, corriam na sanga (plantação de arroz) e tomavam leite puro, direto da vaca. Minha tia disse que “brincava de ser professora, de comadre e pulava corda”. Uma amiga contou que “jogava taco com os meninos e brincava de espaçonave num sombreiro” e ela complementou: “Hoje, eles são obesos, sem criatividade, não sabem brincar, não se sujam na lama”.Quis então saber a visão das crianças deste início de terceiro milênio, e as respostas foram quase unânimes: ficam na frente da televisão e do computador. A imobilidade, após longas horas, provoca uma infinidade de problemas e efeitos negativos à saúde. Se o índice de massa corporal é superior a 30% do peso, o indivíduo é considerado obeso. Muitas crianças e adolescentes estão neste caminho – efeitos da vida sedentária. Hoje, as crianças e adolescentes não se movimentam como há algumas décadas. Provavelmente, as gerações futuras sofrerão de problemas de visão. A chamada “síndrome da visão do usuário do computador” traz como consequências a irritação, o ressecamento, o cansaço ocular, entre outros, além da má postura à frente do monitor; uns se sentam com as pernas cruzadas, de lado, curvados, e é inútil solicitar que corrijam suas posturas.Nas férias escolares de hoje, até que eles jogam basquete e futebol, porém no do joystick do computador; correm ao volante de um carro acoplado ao computador; conversam na ponta dos dedos, no MSN, Orkut e Twitter. Sempre na frente do computador ou da televisão; às vezes, os dois ao mesmo tempo. Outro depoimento que me deram foi: “Hoje em dia, eles não fazem nada e não vão mais para fora (de casa). Falo para os meus filhos: lá fora tem sol. Eles até que têm bicicletas, mas não existem tantos lugares para andar”.E as suas férias como eram? Com certeza, muitos de vocês estão recordando. Muitos jogaram pião, baralho e jogos de tabuleiro como dama e xadrez. Outros tocaram violão, subiram em árvores para comer goiaba, jabuticaba ou tangerina. Aposto também que alguns chegaram até a nadar no nosso rio Cachoeira. Que as próximas férias sejam mais proveitosas, mais movimentadas e mais saudáveis.
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