
Quarta-feira, meio de semana, e o dito popular diz que hoje é o “dia internacional do sofá”. Mas aqui em Joinville podemos trocar o sofá por uma arquibancada – a grande pedida é este 27º Festival de Dança. Hoje à noite temos balé clássico de repertório, ou seja, aquelas obras que já caíram em domínio público como os famosíssimos “O Quebra-nozes”, “A Bela Adormecida”, “Dom Quixote”; e na segunda parte da noite, jazz.Para os que ainda não foram, é uma excelente opção de lazer. Pois é, para os que ainda não foram! Fiquei me perguntando quando foi a última vez que assisti a alguma das noites de apresentação do festival. Meu winchester começou a processar feito um déjà vu e voltei no Ginásio Mário Timm. Era uma apresentação de balé clássico, com saltos, giros verticais (piruetas), pernas às vezes flexionadas, às vezes alongadas, mãos no prolongamento do corpo, queixo erguido, sapatilhas de ponta, lembrando borboletas planando no ar. É, a minha última visita a alguma apresentação já faz um tempão (foi no século passado).Não cheguei a ver o mais famoso bailarino do mundo Mikhail Baryshnikov, o Misha, nem a brasileira Ana Botafogo. Muitos o fizeram, e ao vivo. Quem diria, esta pacata cidade, do Norte de Santa Catarina, algum dia se tornar a capital mundial da dança. E mais ainda, em 2005, o evento foi considerado o maior festival do mundo pelo “Guinness Book”.Parece que este ano, pelo menos é o que se vê nas ruas, o número de bailarinos diminuiu. Acho que a gripe A tem afastado muita gente, pelo menos algumas pessoas estão evitando ir ao festival com medo dessa doença. Perguntei a várias pessoas se elas já haviam assistido a alguma apresentação e as respostas foram as mais variadas: “Trabalho à noite”, “Tenho ingresso mas não fui”, “Muito caro”, “Tenho medo da gripe”.Parece que o joinvilense não está prestigiando o festival como deveria, afinal de contas, ele é nosso. Levando em conta minha enquete, resolvi visitar a Feira da Sapatilha e alguns palcos alternativos no domingo passado. O lugar estava “crowdeado”, como dizem os surfistas. Vendem de tudo: caneca, sapatilha, relógio, faz-se até massagem relaxante. O boletim anunciava algumas apresentações. Deixei para ver a das 17h30. Infelizmente foi cancelada. Esse tipo de coisa não pode acontecer. Assim como eu, havia pelo menos uma centena de pessoas esperando para ver as danças.A praça de alimentação estava como em qualquer lugar: cheia. Entre idas e vindas, vi dreadlocks, sapatilhas meia-ponta, gente pintada e até chimarrão. Resolvi então assistir a algumas mostras em um dos shoppings da cidade. Era gente se acotovelando para conseguir ver alguma parte das apresentações. É impressionante a emoção sentida ao ver a performance dos dançarinos em meio aos aplausos acalorados da plateia. O repertório foi bem variado: street dance, sapateado, folclore. Vi até balé ao som de tango (do tipo Carlos Gardel). Dá para imaginar que no futuro alguns deste artistas irão se tornar astros famosos, como Misha e a nossa Aninha. Vi também, o que me fez pensar “ponto negativo”, quando, durante uma das apresentações, o dançarino inicia tirando seus sapatos e camisa, assovios maldosos (coisas de terceiro mundo, em pleno festival de primeiro mundo). Ao final, só aplausos.Quanto ao preço dos ingressos – reclamação de alguns – acho que poderiam ser mais baratos. Afinal de contas, olhem as empresas e instituições patrocinadoras, apoiadoras, colaboradoras, além das que ajudaram na realização. Vamos realmente popularizar os ingressos.Entre pontos positivos e negativos, todos saímos ganhando. A dança realmente envolve a cidade. Em plena João Colin, na volta para casa, uma menina girando, como se estivesse em um grande palco – e estava. A Cidade dos Príncipes é um grande palco. A dança realmente envolve e transforma este lugar. Parabéns, Joinville. Parabéns, festival.
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