
“Existe um momento em que a gente escuta um certo chamado; que o mundo deve se unir como um só. Existem pessoas morrendo e é chegada a hora de darmos uma mão à vida; o maior presente de todos. Nós não podemos continuar fingindo que alguém, algum dia, em algum lugar, irá em breve fazer alguma coisa. Nós fazemos parte da grande família de Deus e, na verdade, o amor é tudo o que precisamos. Nós somos o mundo, nós somos as crianças, somos aqueles que fazemos um dia melhor, um dia mais feliz, mais radiante. Então, vamos começar a doar. Existe a oportunidade de fazermos e salvar as nossas próprias vidas. É verdade, vamos fazer um dia melhor, vocês e eu”.Para quem ainda não reconheceu este poeta, me refiro à gravação do vídeo clipe “We Are the World”, do negro, ou branco – como ele mesmo dizia, “se você está certo, não importa se você é negro ou branco, Michael Jackson”. A ideia foi gravar uma música para arrecadar fundos ao combate à fome no continente africano. Não se pode deixar de dar o crédito também ao cantor e compositor Lionel Ritchie que, junto com Michael, compôs este clássico da música pop mundial. Gravado ainda em LP (guardo meu vinil) com mais de 40 cantores e compositores de renome internacional, rendeu mais de US$ 55 milhões. Lembro dos aviões e helicópteros das Nações Unidas jogando os alimentos através de suas comportas e o povo correndo atrás.“Enviem-lhes seu coração, desta forma, eles saberão que alguém se importa com suas vidas e se tornarão mais fortes e livres”. Mais livres, pois um povo com fome é um povo escravo; escravo do azar, escravo do sistema, escravo da própria vida. “Assim como Deus nos mostrou a transformação da pedra em pão; desta forma, todos nós devemos emprestar nossa ajuda”. Esta “transformação” na verdade não aconteceu, biblicamente falando. Creio que deva estar ligada à vontade de não querer ver crianças subnutridas passando fome. “Se você estiver numa pior, sem esperança; se você acreditar que não há uma forma de cair” de sucumbir, “a mudança só pode acontecer quando juntos nos unirmos como um só”.A canção está aí, sendo tocada em todas as emissoras de rádio, nas telinhas, na internet, batendo recordes em downloads e também na nossa mente. É um clássico da música contemporânea, tal como “Imagine”, de John Lennon. Ouvimos hoje e continuaremos a ouvir daqui a algumas décadas, daqui a alguns séculos, assim como a “Nona Sinfonia”, de Beethoven, tocada pela primeira vez há exatos 175 anos; assim também como o “Bolero”, de Ravel, irão tocar eternamente.Clássicos não morrem. Clássicos são eternos. O corpo padece, as ideias permanecem. Sócrates quando foi condenado à morte por suas ideologias filosóficas, teve ao seu lado Platão. Antes de beber cicuta, veneno letal como sentença de morte, ouviu o apelo do seu pupilo para que negasse seus ensinamentos. O pai da filosofia respondeu: “Sócrates jamais irá morrer”. E não morreu mesmo.Dizem que Michael Jackson estava falido. Dizem, também, que sua fortuna atual está estimada em US$ 500 milhões. Entenda-se agora: como um falido tem uma fortuna com tal cifra? E por falar em vendas, os ingressos para os shows que aconteceriam na Inglaterra se esgotaram em questão de horas. Falido?A questão da pedofilia está em aberto. A lei dos homens é bem clara: o princípio da presunção da inocência afirma que “todos são inocentes até que se prove o contrário” e, ainda mais, ninguém é culpado até que saia a sentença condenando o indivíduo; mesmo assim, se pode recorrer”. Michael pagou para que o processo fosse arquivado, é verdade.O triste é que agora já apareceu na mídia o próprio adolescente envolvido no processo afirmando que foi “forçado pelos pais a mentir”. Criança não mente, a menos que seja coagida para tal. Por falar em criança, Paris, a filha de Michael, disse: “Desde que eu nasci, papai tem sido o melhor pai que eu poderia imaginar. Eu só queria dizer que eu amo ele demais”. Quem somos nós para julgá-lo? Uma coisa é certa: o céu está mais pop desde o dia 25 de junho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário