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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A questão do trânsito


O trânsito brasileiro é uma guerra. É motorista de ônibus que não respeita motoqueiro; é motoqueiro que não respeita taxista; é taxista que não respeita ciclista; é ciclista que não respeita pedestre andando nas calçadas e, mais ironicamente neste caso, quando a via possui ciclovia, muitos andam fora dela. Uma ressalva: certamente há uma exceção para cada regra.Tem de tudo. É gente falando ao celular. É gente andando sem o cinto de segurança. É gente ultrapassando em linha dupla. Cadeirinha para crianças não é respeitada. Há pais que deixam seus filhos em pé no meio dos dois acentos dianteiros. Qualquer freada brusca, o resultado não pode ser outro além de choradeira.Porém, acho que as coisas estão melhorando, pelo menos no que diz respeito à dificuldade apresentada quando se pretende obter a permissão para o volante ou mesmo quanto à sua renovação. Ser motorista é muito mais do que ter uma carteira de habilitação no bolso: é ter responsabilidade.Esforços estão sendo protagonizados para dificultar e selecionar melhor os condutores. De acordo com o Código de Trânsito e sua lei 9503/97 (fica sugestão de leitura), todos os condutores devem frequentar aulas teóricas e práticas e os que renovarem suas carteiras devem frequentar o curso de direção defensiva e noções de primeiros socorros. Foi o caso de um amigo “(m)eu”. Estava com a carteira vencida há mais de um ano e não havia percebido. Imediatamente se inscreveu e começou a frequentar as aulas.Como qualquer curso, sempre levo meu caderno para fazer anotações. E neste não foi diferente. Eu me considero um motorista cuidadoso, pois qualquer descuido dói no bolso e na carne. Sempre carrego certas normas de conduta, tais como: ligar o pisca em qualquer situação de mudança de pista; manter distância considerável para com os veículos que antecedem e precedem; sinal vermelho é pare e verde, passagem livre; porém, sempre olhando com cuidado todos os cruzamentos. Crianças no banco traseiro devem usar cinto de segurança (especialmente aquelas com menos de dez anos) e os passageiros também, sem exceção. A lei da vantagem é proibida: ultrapassar em linha dupla, não; pela direita, não; andar na faixa destinada ao transporte coletivo, também não; dar sinal de luz quando a polícia está realizando blitz, nem pensar. Aliás, os contraventores agradecem. Desta forma, faz com que eles optem por vias alternativas. Tem gente que acha legal avisar motoristas que trafegam em via contrária que há policiamento à frente. Evitem.Ao final do curso, sabem o que aprendi? Que o primeiro acidente de carro no Brasil foi protagonizado pelo poeta-escritor Olavo Bilac. O “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, autor do “Hino à Bandeira”, foi o brasileiro que primeiro provocou um acidente automobilístico. O fato se deu em 1897. Ele havia emprestado o carro de um amigo e chocou-se com uma árvore. Acho que o curso deve ser repensado. Na verdade, ele está mais para “curso de conscientização”. Assisti a mais vídeos de acidentes e sangue rolando do que no filme “Sexta-feira 13”, com o mascarado Jason.Com relação às multas, creio que elas deveriam ser registradas em nome do motorista e não à placa do carro, afinal de contas, quem as cometeu foi ele e não esta. A consequência é que, ao se comprar um veículo no Brasil, sempre fica a dúvida: estou comprando um veículo com ou sem multas? Sabe-se de grandes prejuízos e dores de cabeça.O que falta mesmo é prudência, cidadania e conscientização. Precisa-se perceber e adotar a postura de que não estamos sozinhos no trânsito. Todos repartem o mesmo espaço e dois corpos não ocupam o mesmo lugar. Dar a vez é uma questão de bom senso, afinal, estamos todos no mesmo barco: uma vez somos pedestres e outra, motorista. Dirigir consciente é respeitar as leis. Carrego dois princípios: “Se você está com pressa, saia mais cedo” e “se está atrasado, chegue atrasado”. A vida vale mais do que alguns segundos.

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