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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Você trabalha ou só dá aula?



Olá muchachos companheiros de profissão. Força; muita! A história apresenta que em 15 de outubro de 1827, o então primeiro Imperador do Brasil, Dom Pedro 1º, pai da “nossa” Dona Francisca (sim, aquela que começa no centro de Joinville e vai em direção a “Pira”) decreta que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Exatos 120 anos após, um tal professor Salomão Becker sugeriu aos seus pares que fosse feita uma pausa letiva para se debater as questões da educação, do planejamento das aulas, incentivando a troca de experiências. A iniciativa teve o apoio e foi crescendo até que, em 1967, o Dia do Professor foi instituído como feriado nacional pelo então presidente João Goulart. Seu intento era “comemorar condignamente. [...] Os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enaltecerá a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias”.Como comemorar? Amanhã, creio eu, muitos estarão emergidos em correções de trabalhos e provas para o fechamento de mais um bimestre, ou mesmo “correndo atrás da máquina” na preparação das provas que se avizinham.Professor não tem sábado, não tem domingo. No seu próprio dia, continua trabalhando (sem soldo). Muitos ainda dizem que vida de professor é fácil; “é só dar aula”. Ledo engano. Tem professor que, para complementar a renda mensal, vende perfumes, cosméticos, é sacoleiro. Outros trabalham três turnos e, pasmem, muitas vezes não sobra real para o aprimoramento pessoal. Terminando esta aliteração consonântica, às vezes, chega a ser anormal; é irreal.Quando surgiu, ele era o dono do saber; quando falava, os outros ouviam. Para pedir a palavra, levantava-se a mão; quando alguém abria a porta, todos se levantavam. As provas eram aos sábados; daí o termo sabatina. Antes preocupava-se com a educação acadêmica; hoje, é tia, é profe, é teacher, psicólogo, pai e mãe. Parece que não detém tanto o saber, competindo com a poderosa internet.Não sei se Sócrates lograria tantos frutos quantos plantados em Platão, com o seu método do questionamento, com uma pergunta em cima da própria pergunta, fazendo o discípulo pensar. Hoje, não se quer pensar. Responder é mais fácil. A vantagem do problema a ser resolvido, a da mudança do comportamento, que gera o consequente aprendizado, é compreendida como aula chata.Dizem por aí que professor não trabalha – só dá aula. Hilário é ouvir de outro professor esta mesma pergunta. Existem os que não são professores e dão aulas. Aliás, quase que qualquer um pode virar professor. Existem dezenas de centenas que começam a fazer um “biquinho” e continuam. E os professores que são Professores e não professores ficam calados. Frequentemente, vê-se na televisão, nas páginas d’A Notícia, também, que fulano estava consultando sem nem mesmo ter cursado algum semestre de medicina; engenheiros construindo sem diploma, assim como dentistas e, todos, unem-se para desmascarar o impostor. Mas professor, qualquer um pode ser; e o próprio professor não faz nada para se impor.A matéria prima do docente é o conhecimento. Será que é possível estar em constante aperfeiçoamento? Será que é possível a compra de “um” livro, a cada dois meses, pelo menos, para se estar por dentro do que os grandes pensadores abordam? Será que é possível frequentar cursos de pós-graduação para o aperfeiçoamento contínuo?Triste mesmo é saber que muitos deixam a cátedra por falta de motivação. Outros por desilusão. Não que não sejam preparados para o ofício. Falta mesmo é educação. Aquela que deve ser aprendida em casa. Entretanto, a família também está deixando esta tarefa para os professores. Vocês pais, perdoem-me, pois toda regra tem sua exceção.Será que é uma profissão que está em extinção? Será que nós, os professores, não somos os culpados? Vamos refletir. De qualquer forma, amo o que faço. Para mim, não é profissão; é um prazer estar sempre aprendendo com colegas e alunos – meninos e meninas.

Um comentário:

  1. Para complicar o cenáro acrescento que já tem pesquisas apontando o "sucesso" do modelo, e mostrando que parece que as universidades que tem mais "professores" (90% é o caso do exemplo que li) que são profissionais durante o restante do dia, são as universidades de "melhor" qualidade pois supostamente os mesmos estão mais ligados com as necessidades do mercado e das empresas.

    É um problemão...

    ... uma vez que vai acabando realmente com a função do professor somente professor.
    ... vai infernizando a vida destes profissionais que durante o dia estão nas empresas e a noite nas universidades, uma vez que estes "escravos" não tem tempo para família, nem para os filhos, nem para nada... E dê-lhe divórcio, crianças destemperadas e sem amor, etc... etc.... etc....

    E não me venham dizer que estes caras estão lendo, pois é impossível ter tempo de ler. Lêem é as orelhas dos livros, afinal de de dia trabalham nas empresas e a noite passam dando aulas, e imagino que de madrugada dormem, no final de semana dão aulas nos mba´s da vida, quando é que eles vão ler?

    Tá tudo errado.
    Para o ônibus e deixa eu descer....

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